quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Eu sou +1

É lamentável a alegação de algumas pessoas de que não votarão na Marina Silva porque perderão seus votos, uma vez que ela não teria condições de ganhar.

Acho que essas pessoas ainda não compreenderam a dinâmica das eleições. Eles votam como quem joga na loteria, participa de um bingo ou faz uma aposta em um carro de corrida.

Não tenho dúvidas, ainda que a Marina não seja eleita, ela terá introduzido no âmbito nacional uma pauta de discussões das mais importantes e necessárias para esse momento histórico.

A proposta da Marina, centrada no cuidado com o meio ambiente, desenvolvimento sustentável e educação – isso sem falar na postura ética de fazer política, percebido na sua própria vivência – constitui o conteúdo mais relevante dentre todos os temas levantados e expostos pelos os candidatos.

E considerando o que os outros têm a dizer, podemos afirmar que Marina é o meio termo, o ponto de equilíbrio, a síntese sensata que propõe preservar sem frear o crescimento econômico e o desenvolvimento do país.

As propostas da candidata verde devem ser avaliadas a partir de sua vida, seu estilo de campanha e sua total rejeição às barganhas políticas, mesmo que isso conduza sua candidatura a um caminho mais penoso que as dos outros presidenciáveis.

Assim como em toda a sua carreira, agora ela permanece sem alianças espúrias, sem se vender, enfim, ela não se prostituiu ideologicamente para poder trilhar os caminhos mais fáceis da política.

Ser eleita é seu objetivo, mas isso deverá ocorrer como resultado de uma campanha ética, responsável e, por si só, relevante.

É com essa percepção que, convicto de que tal candidatura é o reflexo dos sonhos de um coração íntegro, que não temo perder meu voto! Muito pelo contrário, acontece o que acontecer, ele estará registrado lá nas urnas como mais um que escolheu, muito além da candidata Marina Silva, uma agenda política condizente com as necessidades do mundo no século 21.

Assim sendo, é com prazer que repito: EU SOU + 1

Humberto Ramos

www.visaointegral.blogspot.com

sábado, 3 de julho de 2010

O presbiteriano que virou o protestantismo pelo avesso





Derval Dasilio

Para a América Latina, o Espírito de Deus escolheu Richard Shaull. A revolução teológica no protestantismo brasileiro se inicia. Em 1966, Shaull foi “removido” do Brasil pela Missão Central, ou Missão Presbiteriana no Brasil, ambas remanescentes da “Foreign Missions”, que o trouxe para a América do Sul em 1942, sob a influência do extraordinário John Mackay. Mas nossa história procura outro ambiente, se bem que esquecido. Meu primeiro contato com o ministério de Shaull aconteceu enquanto trabalhava numa siderúrgica recém-fundada em Ipatinga (MG). Um ex-seminarista de Campinas, IPB, antes do Golpe de 31 de março, falava-me de um pastor que fermentava a educação teológica presbiteriana na direção de uma “revolução cristã teológica” no Brasil. Era Richard Shaull.

Comendo tutu com torresmo e outras coisas gostosas, cometendo pecados imperdoáveis contra o calvinismo dogmático ao sabor da culinária mineira, fui ler “Alternativa ao Desespero”, que ainda encontro nas mãos de muitos jovens hoje. O que mais marcou minha memória de jovem batista prisioneiro do fundamentalismo evangélico foram as greves contra o capital estrangeiro na Usiminas antes do golpe militar de 1964. Vi colegas assassinados ou presos sob o pretexto de manutenção da segurança da siderúrgica – mas eram líderes operários militantes, tão somente. Vi trabalhadores fazendo piquete nos portões da fábrica, e os vi mortos a rajadas de metralhadora, às dezenas, sem uma chave de fenda para defenderem-se.

Lembro-me dos assassinatos de sindicalistas dentro das cercas de aço da siderúrgica. Eu era “apenas um garoto latino-americano” crente, alienado, perplexo diante de algo que não era explicado dentro da igreja. Diziam-me que fé e política nada tinham a ver com a igreja; que o problema da salvação resume-se na luta contra um mundo maligno sobrenatural extraterreno. A conversão abstrata, exigida em todos os dias, livrar-me-ia do inferno, do diabo e seus anjos. Os fatos, porém, revelavam-me outra coisa: o fogo das fornalhas na siderúrgica era insignificante diante do inferno e dos demônios da ditadura militar apoiada pela sociedade civil brasileira, a partir dos bem-postos e privilegiados. Minha experiência, numa palavra: perplexidade. O protestantismo estava a seu lado! Deu no Brasil Presbiteriano...

Foi assim que descobri Richard Shaull. Minha fé sobreviveu. Jesus Cristo fala aos oprimidos, disse-me o pastor. Abandonei meu emprego, fui para o seminário estudar teologia com presbiterianos. E o que descubro? A relevância da fé diante da política, economia e sociedade corrompidas. Compromisso cristão diante de profundas desigualdades existentes, no Brasil e América Latina. Tenho até hoje exemplares de livros teológicos desse tempo: “América Hoy”, “Ética en el Contexto Cristiano”, e depois “Pedagogia do Oprimido”, de Paulo Freire, entre tantos que Shaull nos ensinou a ler. Não fui diretamente seu aluno, pois ele fora expulso do Brasil. Mas fui instruído por seus discípulos ou companheiros. Joaquim Beato, Claude Labrunie, Breno Shumann ensinaram-me a ler a Bíblia em contexto ético, político e social. Jovens pastores como Rubem Alves e Jacy Maraschin passaram por lá, ensinando. E Jaime Wright nos apoiando. Estudos Brasileiros, Antropologia Cultural, Teologia Ecumênica e Política, inovações no ensino teológico, eram ministrados por Waldo César, Jether Ramalho, Esdras Borges. Todos discípulos de Richard Shaull.

A juventude protestante brasileira foi tomada pela hermenêutica libertária: teologia da libertação. Mas aí já era o tempo de Medellín e Puebla, dentro do catolicismo. Shaull também não permitiu a invasão da aculturação teológica europeia. Interessava-lhe, sim, Karl Barth, estudioso dos dogmas eclesiásticos, e Bonhoeffer, o mártir da igreja cristã engajada sob o totalitarismo nazista. A “teologia dentro das grades” clamava por uma teologia da libertação.

Pois bem, Shaull voltou para a aula inaugural da Faculdade de Teologia que recebeu seu nome em 2002. Sua coragem profética nos contagiava com o último curso ministrado em vida, acompanhado pelo fiel editor e pesquisador de sua teologia, Waldo César. O protestantismo brasileiro diante do desafio pentecostal: o reino de Deus pelo oprimido, a massa do cristianismo pobre, latino-americano. O protestantismo histórico ainda busca as elites, desde que chegou. Ignora o pobre.

Richard Shaull, na grande caminhada teológica, deixou-me algumas frases maravilhosas no último e-mail que trocamos antes de falecer (outubro de 2002). Uso a frase do neto de Hemingway: “Ele ainda toca as pessoas de um modo que a maioria dos escritores apenas sonham fazer”. O que a teologia deve a esse gigante espiritual ainda está por ser dito. Ele ensinou a perguntar: “Onde te vimos, Jesus?” (Mt 25) e a tentar ouvir o Evangelho.


• Derval Dasilio é pastor da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil. www.derv.wordpress.com

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Que estou fazendo se sou cristão?


Que estou fazendo se sou cristão?
Se Cristo deu-me total perdão?
Há muitos pobres sem lar, sem pão.
Há muitas vidas sem salvação.
Meu Cristo veio pra nos remir:
o homem todo, sem dividir.
Não só a alma do mal salvar,
também o corpo ressuscitar.

Há muita fome no meu país,
há tanta gente que é infeliz!
Há criancinhas qe vão morrer,
há tantos velhos a padecer!
Milhões não sabem como escrever,
milhões de olhos não sabm ler,
nas trevas vivem sem perceber
que são escravos de outro ser.

Que estou fazendo se sou cristão?
Se Cristo deu-me total perdão?
Há muitos pobres sem lar, sem pão.
Há muitas vidas sem salvação.
Aos poderosos eu vou pregar,
aos homens ricos vou proclamar
que a injustiça é contra Deus
e a vil miséria insulta aos ceús.

in Temos Esperança. Reflexões sobre o livro de Apocalipse. ATIENCIA, Jorge. MACHADO, Ziel. São Paulo: ABU Editora, 2004. pg. 82- Hinário para o culto cristão

sábado, 22 de maio de 2010

"A vitória da igreja é mais do que aumentar o número de membros, ampliar o prédio, comprar novos instrumentos, incorporar tecnologia, fazer uso dos meios de comunicação, colocar evangélicos no poder, organizar marchas, é ainda mais do que batalha espiritual. É lutar com toda armadura da fé para derrotar os males internos e externos que rodeiam as igrejas, é enfrentar os poderes opressores que enganam e escravizam os seres humanos."

ATIENCIA, Jorge; MACHADO, Ziel. Temos esperança:Reflexões sobre o livro de apocalipse. pg. 32. São Paulo: ABU Editora, 204.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Dame Tus Ojos

Dame tus ojos quiero ver
Dame tus palabras, quiero hablar
Dame tu parecer

Dame tus pies, yo quiero ir
Dame tus deseos para sentir
Dame tu parecer

Dame lo que necesito
Para ser como tu

Dame tu voz, dame tu aliento
Toma mi tiempo es para ti
Dame el camino que debo seguir
Dame tus sueños, tus anhelos
Tus pensamientos, tu sentir
Dame tu vida para vivir

Déjame ver lo que tu vez
Dame de tu gracia, tu poder
Dame tu corazón
Déjame ver en tu interior
Para ser cambiado por tu amor
Dame tu corazón

quarta-feira, 5 de maio de 2010

RESENHA


FRESTON, Paul.

Neemias: um profissional a serviço do Reino.

ABU Editora.

Esse livro fala sobre como ter a visão do Reino de Deus e estar firmado na ética dEle, leva o profissional cristão à disposição de arriscar status e seus privilégios e a assumir suas responsabilidades sem fazer pouco caso dos assuntos seculares.

O autor parte das histórias de Moisés, José, Daniel, e destacando a singularidade da vida de Neemias. Esse, um modelo de “estilo de vida simples” que se auto designou e claramente se via chamado como enviado de Deus, não por experiência mística, mas por leitura da palavra de Deus e oração. Ele combinou devoção com organização e ação. Baseiou-se nas promessas de misericórdia de Deus e não nos seus próprios méritos. Antes de tudo, buscou a lealdade a Deus e ao seu povo escolhido.

Neemias foi um expositor que levou a sério o texto e contexto bíblico e o contexto contemporâneos dos ouvintes. Freston, com esse livro, incomoda o comodismo e o conservadorismo dos cristãos brasileiros, dado que na se pode dizer “o Senhor abençoará o Brasil por amor dos evangélicos brasileiros”, até que esses se empenhem em agir como mordomos da coisa pública.

terça-feira, 4 de maio de 2010

"The ancient sage"


Lord Tennyson

"Nada digno de prova pode ser provado,
Nem refutado; então seja sábio,
Apegue-se sempre ao lado mais ensolarado da dúvida."

In. ALISTER, M. Como lidar com a dúvida:Sobre Deus e sobre você mesmo. pg. 26. Viçosa. Ultimato, 2008.