Ao contrário do que diz o senso comum que o jovem é alienado, não gosta de política e não valoriza a família, uma pesquisa realizada pelas sociólogas Miriam Abramovay e Mary Castro, com cerca de dois mil brasileiros entre 15 e 29 anos, mostrou o oposto. Elas lançaram no dia 17/11, no Rio de Janeiro, o livro “Quebrando Mitos: juventude, participação e políticas”, que traçou de forma minuciosa o perfil dos jovens que participaram da Conferência Nacional para a Juventude, ocorrida em Brasília entre os dias 27 e 30 de abril do ano passado.
Para a pesquisadora Miriam Abramovay, a pesquisa derrubou três mitos importantes. O primeiro: de que o jovem é alienado. O segundo: de que ele é egoísta e consumista. E, por último: de que ele não se preocupa com o próximo, sobretudo a “instituição” família. “O diálogo entre jovens e adultos é difícil. Devemos olhar para eles com mais atenção porque a população brasileira está envelhecendo e nunca teremos tantos jovens como agora no Brasil”, comentou.
A instituição em que os participantes da Conferência Nacional de Juventude mais confiam é a família (68,3%), sendo que aparece com o mais baixo nível de confiança (1,5%) o Congresso: a Câmara dos Deputados e o Senado. Em relação à legalização das drogas, a pesquisa indicou que 43,2% são totalmente contra e 15,6% são a favor.
Sobre as percepções a respeito da política de cotas: 61,4% são a favor ou completamente a favor, e 26,6% são contra ou completamente contra e 9,2% são indiferentes a tal questão. Em relação à união civil entre pessoas do mesmo sexo: 33,9% indicaram que são completamente a favor e 16,2% como completamente contra, e contra 7,6%, sendo que 18,2% dos entrevistados foram indiferentes quanto ao tema.
A pesquisa trouxe que os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário estão distantes dos jovens. Segundo a pesquisadora Mary Castro, um dos motivos para descrença, além de casos de corrupção, é a demora na aprovação das propostas de interesse dos jovens no Congresso.
Metodologia utilizada - Para realizar o estudo, as sociólogas Mary Castro, professora da Universidade Católica de Salvador (UCSAL), e Miriam Abramovay, coordenadora de pesquisa da Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (RITLA), aplicaram 1854 questionários, realizaram 30 grupos focais e entrevistaram 280 representantes de entidades diversas, como a Centra Única das Favelas (CUFA) e a União da Juventude Socialista, movimento negro, LGBT, movimentos feministas, quilombolas, jovens sindicalistas, jovens da área rural, comunidades indígenas, religiosos, hip-hop, entre outros.
As pesquisadoras traçaram um perfil sócio-demográfico e político-institucional desses jovens, que inclui a percepção deles sobre temas como maioridade penal, união civil entre pessoas do mesmo sexo, legalização do aborto, segurança pública, as percepções sobre problemas do Brasil, as bandeiras para políticas de juventude em diversas áreas como trabalho, educação diversidade, dentre outros.
Lançamento - A solenidade de lançamento ocorreu no Palácio da Cidade e contou com a participação de autoridades ligadas à área da juventude, pesquisadores e professores. O superintendente estadual de juventude do Rio de Janeiro, Rodrigo Abel, ressaltou a importância do trabalho e que a pesquisa possui dados valiosos para se conhecer mais o perfil do jovem brasileiro. “Por meio desse levantamento, podemos compreender melhor os anseios e desejos dessa parcela da população e que por muito foi esquecida pelas políticas de governo”, comentou.
O secretário-adjunto da Secretaria Nacional de Juventude, Danilo Moreira disse que a pesquisa teve todo o apoio da Secretaria, pois o trabalho é muito importante ao retratar sem estereótipos o perfil do jovem engajado. “Por meio desse levantamento conhecemos melhor os anseios e desejos da juventude, sobretudo nas questões sociais”, disse Moreira.
A representante da sociedade civil do Conjuve, Marina Ribeiro, disse estar otimista com a pesquisa, sobretudo com a quebra dos mitos que tratam o jovem como alienado e alheio às causas sociais. “Esse trabalho demonstra que existe uma juventude atuante preocupada em contribuir com a melhora das condições sociais e os rumos do país”, afirmou.
O coordenador municipal de Juventude do Rio de Janeiro, Igor Bruno, ressaltou a importância da pesquisa que desmistifica a imagem do jovem como um alienado. “O trabalho mostra que existe uma juventude engajada, militante, politizada e ciente de seus direitos”, ressaltou.
A pesquisa é resultado de parceria entre a Secretaria Nacional de Juventude, por meio de seu Conselho Nacional de Juventude (CONJUVE), e a Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (RITLA).
Os interessados em obter o livro com a pesquisa deverão entrar em contato com o Conselho Nacional de Juventude por meio do email: conselho.juventude@planalto.gov.br
Para receber um exemplar é necessário o envio do nome completo da pessoa ou instituição, constando o endereço completo, com CEP e o número de exemplares desejados.
Fonte:http://www.planalto.gov.br/evento/boletim_juventude/2009-12-04/04122009_not2.htm